Educação escolar & protagonismo indígena: argumentos sobre a constituição de uma “docência artífice”
DOI:
https://doi.org/10.20435/serie-estudos.v23i47.1078Palabras clave:
protagonismo indígena, educação escolar indígena, docência Kaingang.Resumen
A escola é um dos espaços interculturais dos quais participam as comunidades indígenas, e, nesse espaço, ocorrem intensas disputas sobre sentidos, propósitos e funções sociais que essa instituição deve assumir. Neste artigo, focaliza-se a ressignificação de discursos sobre a docência indígena, tomando como base as discussões protagonizadas por 15 professores Kaingang do estado do Rio Grande do Sul, entre 2015 e 2016, no âmbito de um programa interinstitucional de formação docente. A análise de pronunciamentos feitos pelos docentes em reuniões e encontros permitiu construir a categoria conceitual do “professor artífice”, que serve como metáfora de um trabalho colaborativo e construído ao modo artesanal. A metáfora do artífice permitiu dar visibilidade a características da docência indígena reiteradas nos pronunciamentos dos Kaingang, reabilitando o sentido da produção artesanal como estilo de vida. Destacaram-se, assim, traços de uma atuação que se estabelece com base na inextricável ligação entre teoria e prática, no engajamento do docente em sua comunidade e em lutas que extrapolam o âmbito escolar, no caráter colaborativo da produção do conhecimento e na escuta dos líderes religiosos – os Kujá. Por fim, a categoria conceitual permite pleitear um espaço-tempo de criação, no qual o sujeito está atento aos saberes da coletividade da qual ele é proveniente e também ao que pode ser modificado em seu trabalho, ajustando-o em função das demandas da atualidade.
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