Literacia familiar e o governo de mulheres-mães: o currículo do Conta pra Mim e a conformação de corpos-femininos no espaço doméstico
DOI:
https://doi.org/10.20435/serieestudos.v27i61.1727Palavras-chave:
Currículo cultural, Relações de poder, Mulheres-mãesResumo
Este artigo apresenta um recorte de uma pesquisa em que se analisou um documento disponibilizado pela Política Nacional de Alfabetização no Brasil (PNA), o Guia de Literacia Familiar. Este artefato cultural é parte central do programa do Governo Federal Conta pra Mim, que foi lançado em 2019, com o objetivo de incentivar um modo de praticar a leitura, a escrita e estímulos ao desenvolvimento da oralidade, com as crianças e suas famílias, em casa. Embora tenha objetivos que se vinculam ao currículo escolar, o Guia se direciona para as famílias, constituindo-se, portanto, como um currículo não escolar, que convoca as famílias a assumirem determinadas posturas que comumente são esperadas da escola. O objetivo deste trabalho é mostrar, com base nos estudos pós-críticos de currículo, como o Guia de Literacia Familiar atua como currículo cultural e recorre a técnicas de biopoder para operar conformando corpos-femininos no espaço doméstico de diferentes formas. Argumenta-se que este currículo, implementado para ser efetivado na esfera doméstica, que aciona evidências científicas com relação ao “hábito materno” para se legitimar, intenciona convocar as mulheres-mães para acatarem essa responsabilidade, uma vez que elas ainda são a maioria entre as pessoas que ocupam o espaço doméstico.
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