Currículo, identidade e relações étnico-raciais: a escola mediando as fronteiras da in/exclusão.
DOI:
https://doi.org/10.20435/serie-estudos.v25i54.1386Palavras-chave:
currículo, identidade, relações étnico-raciaisResumo
O presente trabalho tem como foco analisar fatores que podem influenciar o currículo escolar para uma educação crítica, no sentido de mediar as fronteiras da in/exclusão em relação às questões étnico-raciais. Delineia um breve histórico sobre as relações desiguais que permearam o período colonial e pós-colonial no Brasil, com evidência para a luta dos africanos e afro-brasileiros, no sentido de busca de uma condição de escolarização, a fim de uma inserção social. São chamados alguns autores que contribuíram na sociologia da educação para os debates em torno da categoria currículo. A intenção foi partir de breves descrições de seus pensamentos, destacar as teorias críticas e pós-críticas e sua relação com respeito ao papel da escola na sociedade. A partir daí, o artigo debate o porquê de algumas legislações serem cumpridas ou não. Quais interesses e relações de poder permeiam o currículo escolar? Por que uma lei inclusiva como a 11.645/2008 não consegue estar presente de forma efetiva no currículo escolar? Questões sobre performatividade e gerencialismo nos ajudam a pensar sobre a problemática levantada. Por fim, o texto encaminha como alternativa a ideia de microrresistências ao poder instituído, em que uma pedagogia culturalmente relevante pode ser uma das formas para que a escola medeie as fronteiras entre a in/exclusão.
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