Cultura visual, gênero e embalagens de jogos de ciência: (Como) meninas brincam de ciência?
(How) girls play science?
DOI:
https://doi.org/10.20435/serie-estudos.v26i57.1505Palavras-chave:
Educação, Infância, VisualidadesResumo
As representações de adultos/as sobre o que é considerado feminino e masculino reforçam estereótipos de gênero e, com isso, brinquedos, jogos e demais artefatos da cultura visual tendem a caracterizar meninos e meninas de formas diferentes. Como as identidades de gênero de meninas e meninos são representadas nos jogos infantis de ciência? As meninas aparecem nas embalagens desses jogos? Quando aparecem, como são apresentadas? Para responder a essas questões, neste artigo, de cunho documental e analítico, temos como objetivo problematizar as representações de ciência e feminilidade nas embalagens de jogos infantis. Para tanto, investigamos 38 embalagens de jogos infantis de ciência comercializados em 2017. Durante a análise, dividimos esse montante de embalagens em cinco grupos, os quais foram investigados sob fundamentos dos Estudos de Gênero e Estudos da Cultura Visual. Avaliamos que as embalagens de jogos científicos analisadas sugerem um “não protagonismo” feminino nos jogos de ciências. Constatamos, nesses artefatos, a ausência de endereçadores visuais que convidem as meninas a brincarem/fazerem ciência − ao menos que as atividades envolvam os cuidados com o corpo, os afazeres domésticos e a atuação como auxiliares.
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