Trajetórias de profissionalização docente da mulher educadora: monitoras de creche em Naviraí, MS
DOI:
https://doi.org/10.20435/serie-estudos.v26i57.1430Palavras-chave:
profissão docente, gênero, figurações.Resumo
O atendimento coletivo das crianças nas creches no Brasil se pautou pela ideia preconcebida de que a mulher, por sua natureza feminina, seria mais bem preparada para assumir as funções naqueles espaços. Nesse contexto, o objetivo geral neste texto foi dar visibilidade às trajetórias de profissionalização docente de mulheres educadoras de Naviraí, Mato Grosso do Sul. Para tanto, elencaram-se como objetivos específicos saber quando se tornaram monitoras de creche; quais motivos e/ou interesses as levaram à escolha profissional; como questões de gênero permearam e refletiram nas trajetórias de vida e profissão; e de que forma compreenderam a necessidade de uma profissionalização docente para se estabelecerem na carreira. Utilizou-se como recurso metodológico a História Oral temática, tendo sido realizadas entrevistas, as quais foram analisadas à luz do referencial teórico eliasiano. Percebeu-se que as políticas educacionais pensadas para o atendimento à criança pequena geraram uma alteração na carreira destas profissionais, e isso se refletiu em suas trajetórias de formação docente. Compreendeu-se que rememorar os aspectos envolvidos no percurso de suas vidas e trajetórias profissionais possibilitou o entendimento de como as figurações, isto é, as redes de interdependência, foram constituídas pelas mulheres educadoras e ao mesmo tempo as constituíram, trazendo à tona questões de gênero e poder inerentes aos diferentes tempos e espaços de trabalho e formação.
Referências
ALBERTI, Verena. História dentro da História. In: PINSKY, Carla B. Fontes históricas. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2006.
ARCE, Alessandra. Documentação oficial e o mito da educadora nata na Educação Infantil. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, n. 113, p. 167-84, 2001. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/cp/n113/a09n113.pdf. Acesso em: 2 fev. 2019.
BADINTER, Elisabeth. Um amor conquistado: o mito do amor materno. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.
BONI, Valdete; QUARESMA, Silvia Jurema. Aprendendo a entrevistar: como fazer entrevistas em ciências sociais. Em Tese, Florianópolis, v. 2, n. 1, p. 68-80, jan. 2005. ISSN 1806-5023. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/emtese/article/view/18027/16976. Acesso em: 23 jan. 2019.
BRASIL. Lei n. 12.796, de 4 de abril de 2013. Altera a Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para dispor sobre a formação dos profissionais da educação e dá outras providências. Brasília-DF, 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12796.htm. Acesso em: 3 mar. 2019.
BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília-DF, 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em: 3 mar. 2019.
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Por uma política de formação do profissional de Educação Infantil. Brasília-DF: MEC/SEF/DPE/COEDI, 1994a.
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Política de Educação Infantil. Brasília: MEC/SEF/DPE/COEDI, 1994b.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Lei Orgânica de Assistência Social. Brasília-DF: MPAS, 1993.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília-DF, 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 3 mar. 2019.
CAMPOS, Míria Izabel. Tempos de escritas: memoriais de infância, docência e gênero. 188 f. 2018. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Federal da Grande Dourados, Dourados, MS, 2018.
CUNHA, Charles M. Memórias docentes: convocações do presente. Jundiaí: São Paulo: Paco, 2017.
CUNHA, Maria Isabel. Conta-me agora! As narrativas como alternativas pedagógicas na pesquisa e no ensino. Revista Faculdade de Educação São Paulo, v. 23, n. 1/2, p. 185-95, jan./dez. 1997. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-25551997000100010. Acesso em: 9 fev. 2019.
ELIAS, Norbert. Introdução à sociologia. Lisboa: Edições 70, 2008.
ELIAS, Norbert. Escritos e ensaios. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006. (Estado, processo, opinião pública, v. 1)
ELIAS, Norbert. O processo civilizador. Rio de Janeiro: Zahar, 1993. (Formação do Estado e civilização, v. 2).
ENGUITA, Mariano F. A ambiguidade da docência: entre o profissionalismo e a proletarização. Teoria & Educação, Porto Alegre, n. 4, p. 41-61, 1991.
FREITAS, Sônia M. História oral: possibilidades e procedimentos. 2. ed. São Paulo: Associação Editorial Humanitas, 2006.
GONÇALVES, Albertino. Métodos e técnicas de investigação social I: programa, conteúdo e métodos de ensino teórico e prático. Cidade: UMinho, 2004.
LANG, Alice B. Silva Gordo. História oral: muitas dúvidas, poucas certezas e uma proposta. In: MEIHY, José Cícero Sebe Bom (Org.). (Re)introduzindo a história oral no Brasil. São Paulo: Xamã, 1996. p. 33-47.
LOURO, Guacira. L. Mulheres na sala de aula. In: PRIORE, Mary Del (Org.). História das mulheres no Brasil. 10. ed. São Paulo: Contexto, 2011. p. 443-81.
MONTIEL, Larissa Wayhs Trein. Da Assistência à Educação Infantil: a transição do atendimento à infância no município de Naviraí - MS (1995-2005). 2019. 233 f. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Federal da Grande Dourados, Dourados, MS, 2019.
NAVIRAÍ (Cidade). Centro Integrado de Educação Infantil [CIEI] Maria José Da Silva Cançado. Projeto Político Pedagógico. Naviraí, 2015.
NÓVOA, Antonio. Para um estudo sócio histórico da gênese e desenvolvimento da profissão docente. Teoria & Educação, Porto Alegre, n. 4, p. 109-39, 1991.
OZELLA, Sérgio. Pesquisar ou construir conhecimento. O ensino da pesquisa na abordagem sócio histórica. In: BOCK, Ana Mercês (Org.). A perspectiva sócio-histórica na formação em psicologia. Petrópolis: Vozes, 2003. p. 113-31.
PAVAN, Ruth. Currículo e exclusão social: a perspectiva das alunas/professoras do PIBID de Pedagogia. Série-Estudos, Campo Grande, v. 23, n. 49, p. 193-206, set./dez. 2018.
PINTO, Adriana F. E.; FLORES, Maria L. R. Formação inicial e valorização das professoras na Educação Infantil. In: ALBUQUERQUE, Simone S.; FELIPE, Jane.; CORSO, Luciana V. (Org.). Para pensar a educação infantil em tempos de retrocessos: lutamos pela educação infantil. Porto Alegre: Evangraf, 2017.
SARAT, Magda. História da formação de professoras para a infância: experiências no Brasil e na Argentina. Revista Teoria e Prática da Educação, v. 18, n. 1, p. 23-36, jan./abr. 2015.
SARAT, Magda; SANTOS, Reinaldo. História Oral como fonte: apontamentos metodológicos e técnicos da pesquisa. In: COSTA, Célio J.; MELO, José J. P.; FABIANO, Luiz H. Fontes e métodos em história da educação. Dourados: UFGD, 2010. p. 49-78.
SOUZA, José Edimar. Memórias de uma trajetória formativa na Escola Normal de Sapiranga/RS – Brasil (1963- 1975). In: ENCONTRO NACIONAL DE HISTÓRIA ORAL, 13., 1-4 maio 2016, Porto Alegre. Anais [...]. Porto Alegre: UFRGS, 2016. Disponível em: https://www.encontro2016.historiaoral.org.br/resources/anais/13/1461899266_ARQUIVO_textocompletosubmetido.pdf. Acesso em: 10 fev. 2021.
THOMPSON, Edward P. A miséria da teoria ou o planetário de erros: uma crítica ao pensamento de Althusser. Rio de Janeiro: Zahar editores, 1981.
THOMPSON, Paul. A voz do passado: História Oral. 3. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
A revista Série-Estudos permite a reprodução total em outro órgão de publicação mediante a autorização por escrito do editor, desde que seja feita citação da fonte (Série-Estudos) e remetido um exemplar da reprodução. A reprodução parcial, superior a 500 palavras, tabelas e figuras deverá ter permissão formal de seus autores.
Direitos Autorais para artigos publicados nesta revista são do autor, com direitos de primeira publicação para a revista. Em virtude de aparecerem nesta revista de acesso público, os artigos são de uso gratuito, com atribuições próprias, em aplicações educacionais e não-comerciais.