Contextualizando a escola rural: Rio Grande do Sul final do século XIX e início do XX

Autores

  • Flavia Obino Côrrea Werle UNISINOS

DOI:

https://doi.org/10.20435/serie-estudos.v0i20.426

Resumo

Este texto objetiva explicitar como a realidade educacional rural era concebida no Rio Grande do Sul (GRS), anteriormente à constituição da Escola Normal Rural, a partir da análise da legislação, mensagens de Presidente da Província e relatórios de Inspetores de Ensino. Procura identificar como a idéia de instrução para a zona rural foi se constituindo até ser materializada e operacionalizada sob a forma de um tipo específico de Escola Normal, a Escola Normal Rural. As condições referentes ao ensino em distritos rurais foram, tardiamente sistematizados e conceituados, ao ponto de, apenas nos anos 40 do século XX, configurarem ações especializadas de formação de professores no âmbito do sistema educativo – em 1943 o RGS contava com três Escolas Normais Rurais (Arquidiocese, em Porto Alegre, Cerro Azul em São Luis Gonzaga e Escola São José do Murialdo em Caxias). Havia uma indiferenciação nas práticas de instrução pública seja em decorrência da restrita sistematização e ambigüidade que o conhecimento pedagógico e referente à administração da educação apresentava, seja pela pouca importância dada ao setor rural visto como composto por populações pobres às quais qualquer mínimo de instrução bastava, seja pela ausência de acumulação suficiente que possibilitasse ao estado arcar com a disseminação da instrução e ampliar seu aparato de controle por todo o seu território, do que resultava a invisibilidade de necessidades, características, requisitos e normas específicas para a instrução em distritos rurais. Pode-se afirmar que no final do século XIX a instrução pública no Rio Grande do Sul não havia ainda identificado e diferenciado, com clareza, a escola rural. As formas com que era referida – educador das colônias, professorado da campanha, ensino popular, distritos de fora, meninos pobres da campanha, distritos rurais, escolas da campanha, escola rural, zona colonial, meio rural – acenavam para ambigüidade, desprestígio e desconsideração de suas características nos regulamentos para a instrução pública no estado. No início do século XX, instaura-se, ainda que inicialmente, um momento de visibilidade da escola rural e um movimento de inclusão na legislação de elementos que demonstrassem sua consideração.

Biografia do Autor

Flavia Obino Côrrea Werle, UNISINOS

Pós-Doutorado. Universidade do Minho, U.MINHO. Dra. em
Educação – PUCRS. Professora da Universidade do Vale do
Rio dos Sinos – UNISINOS.

Referências

VARELA, Julia. Genealogia de la Escuela: análisis socio-historico del proceso de institucionalización de la escuela primaria. Tempora, n. 8. Tenerife: Facultad de Filofsofia y Letras, Univesidad de la Laguna. p. 13-44, jul./dic. 1986.

MOACYR, P. A instrução e as províncias – (subsídios para a historia da Educação no Brasil) 1834–1889. v. 3. Espírito Santo, Minas-Gerais, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Goiaz. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1940.

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Publicado

2013-09-02

Como Citar

Werle, F. O. C. (2013). Contextualizando a escola rural: Rio Grande do Sul final do século XIX e início do XX. Série-Estudos - Periódico Do Programa De Pós-Graduação Em Educação Da UCDB, (20). https://doi.org/10.20435/serie-estudos.v0i20.426

Edição

Seção

Artigos