O exercício da docência para ensinar matemática: o “mesmo do mesmo” e o “imperativo da falta”

Autores

DOI:

https://doi.org/10.20435/serieestudos.v27i61.1672

Palavras-chave:

professores que ensinam Matemática, Ensino Fundamental, pandemia

Resumo

Este artigo trata da(s) docência(s) de professores que ensinam Matemática nos anos finais do Ensino Fundamental. A reflexão apresentada emerge de uma pesquisa que investigou: o que dizem os professores que ensinam Matemática em tempos de pandemia sobre a docência nos anos finais do Ensino Fundamental? e de que forma esses ditos provocam outros modos de pensar a docência? O material de pesquisa foi gerado por meio de questionário on-line pensado para entender o exercício docente em tempos pandêmicos e não pandêmicos. A analítica empreendida mostra que as docências em tempos de pandemia, sobretudo no ensino remoto, tendem a reproduzir o mesmo modo ritualizado do ensino presencial e a potencializar o que nomeamos de “imperativo da falta”: falta de interesse, de participação, de compreensão da linguagem matemática, de acesso à Internet. A partir disso, destaca-se a importância do tempo para o exercício do pensamento e para a produção de experiências que toquem e transformem a vida, de modo que o ser-fazer da docência seja compreendido também como uma potência humanizadora.

Biografia do Autor

Daiane Scopel Boff, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul

Doutora em Educação pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), na linha de pesquisa Formação de Professores, Currículo e Práticas Pedagógicas. Professora de Matemática do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS), Campus Caxias do Sul. Professora permanente no Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Integrante do Grupo de Pesquisa em Docências na Educação Básica (GPEDEB) na IFRS. Integrante do Grupo Interinstitucional de Pesquisa em Docências, Pedagogias e Diferenças (GIPEDI) na UNISINOS.

Marta Cristina Cezar Pozzobon, Universidade Federal de Pelotas/UFPel

Doutora em Educação pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS). Professora adjunta na Universidade Federal de Pelotas (UFPel), docente dos cursos de Licenciatura em Matemática e do Mestrado em Educação Matemática. Pesquisadora integrante do Grupo de Estudos sobre Educação Matemática com ênfase nos Anos Iniciais (GEEMAI) na UFPel. Integrante do Grupo de Estudos em Educação Matemática (GEEM/CNPq) na Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ). Integrante do Grupo Interinstitucional de Pesquisa em Pedagogias, Docências e Diferenças (GIPEDICNPq) na UNISINOS.

Cláudio José de Oliveira, Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC/RS

Doutor em Educação pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS). Integrante do Grupo Interinstitucional de Pesquisa em Pedagogias, Docências e Diferenças (GIPEDI/CNPq) na UNISINOS. Integrante do grupo Linguagem Cultura e Educação (LINCE/CNPq) na Universidade em Santa Cruz do Sul (UNISC). Professor pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGEDU) e do Departamento de Ciências, Humanidades e Educação (CHEUNISC), da UNISC. 

Referências

ANDRADE, Sandra dos Santos. A entrevista narrativa ressignificada nas pesquisas educacionais pós-estruturalistas. In: MEYER, Dagmar Estermann; PARAÍSO, Marlucy Alves (Org.). Metodologias de pesquisa pós-críticas em educação. 2. ed. Belo Horizonte: Mazza, 2014. p. 175-96.

AURICH, Grace da Ré. Reescrita de si: a invenção de uma docência em Matemática. 2017. 152 f. Tese (Doutorado em Educação) – Programa de Pós-graduação em Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, 2017.

BAHIA, Sabrine Borges de Mello Hetti; FABRIS, Elí Terezinha Henn. Grupos de Sentido. In: LIMA, Samantha Dias de. Vocabulário LABPED: saberes construídos no Laboratório Pedagógico de Experiências Educativas – Ano 1. São Paulo: Pimenta Cultural, 2022. p. 123-26.

BAHIA, Sabrine Borges de Mello Hetti; FABRIS, Elí Terezinha Henn. A constituição do professor iniciante: articulação entre ética da partilha e experiência coformativa. TEXTURA-Revista de Educação e Letras, Canoas, v. 23, n. 53, 2021.

BIESTA, Gert. A (re)descoberta do ensino. São Carlos: Pedro & João, 2020.

BOFF, Daiane Scopel. O espectro da teoria-prática na docência em Matemática: uma lente para pensar a formação de professores. São Paulo: Pimenta Cultural, 2020.

BOUFLEUER, José Pedro. O ser-fazer da docência: esboço de compreensão a partir da condição humana. In: GALLO, Silvio; MENDONÇA, Samuel. A escola: problema filosófico. São Paulo: Parábola, 2020.

D'AMBROSIO, Ubiratan. Armadilha da mesmice em educação matemática. Bolema-Boletim de Educação Matemática, Campinas, v. 18, n. 24, p. 95-109, 2005.

FABRIS, Elí Terezinha Henn. A avaliação como estratégia de qualificação da formação docente: entre a qualidade da produtividade e a qualidade da artesania. COLÓQUIO DA AFIRSE, 12., 2015, Lisboa. Anais [...]. Lisboa: Universidade de Lisboa, 2015.

FABRIS, Elí Terezinha Henn; BAHIA, Sabrine Borges de Mello Hetti; NEVES, Antônia Regina Gomes. Qualidade da formação de professores a partir da iniciação à docência: um olhar sobre o Pibid e a avaliação do Ensino Superior. TEXTURA-Revista de Educação e Letras, Canoas, v. 20, n. 42, 2018.

FABRIS, Elí Terezinha Henn; DAL’IGNA, Maria Cláudia. Entrevista cedida a João Vitor Santos. IHU On-Line: revista do Instituto Humanitas Unisinos, São Leopoldo, edição 516, 4 dez. 2017. Disponível em: http://www.ihuonline.unisinos.br/artigo/7152-nenhuma-escola-esta-imune-as-ondas-de-violencia-e-conservadorismo. Acesso em: 18 out. 2021.

FOUCAULT, Michel. A arqueologia do saber. 8. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2016.

GAUTHIER, Clermont; MARTINEAU, Stéphane; DESBIENS, Jean-François; MALO, Annie; SIMARD, Denis. Por uma teoria da pedagogia: pesquisas contemporâneas sobre o saber docente. 2. ed. Ijuí: Editora Unijuí, 2006.

LARROSA, Jorge. Esperando não se sabe o quê: sobre o ofício de professor. Belo Horizonte: Autêntica, 2018.

LARROSA, Jorge. Notas sobre narrativas e identidade (a modo de presentación). In: ABRAHÃO, Maria Helena Menna Barreto. A aventura (auto)biográfica: teoria e empiria. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2004.

LARROSA, Jorge. O ensaio e a escrita acadêmica. Educação e realidade, Porto Alegre, v. 28, n. 2, jul./dez. 2003, p. 101-15. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/educacaoerealidade/article/view/25643. Acesso em: 20 nov. 2021.

MONTEIRO, Alexandrina; MENDES, Jackeline Rodrigues. Saberes em práticas culturais: condutas e contracondutas no campo da Matemática e da Educação Matemática. Horizontes, Itatiba, v. 37, 2019.

MONTEIRO, Alexandrina; SENICATO, Renato Bellotti. Educação (matemática) em tempos de pandemia: efeitos e resistências. Revista Latinoamericana de Etnomatemática, Popayán, v. 13, n. 1, p. 317-33, 2020. Disponível em: https://www.revista.etnomatematica.org/index.php/RevLatEm/article/view/607/509. Acesso em: 20 nov. 2021.

NEVES, João Cândido Moraes. O enunciado “os alunos não aprendem matemática por ‘falta de base’” em questão. 2015. 177 f. Tese (Doutorado em Educação) - Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), São Leopoldo, 2015.

NÓVOA, António; ALVIM, Yara Cristina. Os professores depois da pandemia. Educação & Sociedade, Campinas, v. 42, 2021.

NÓVOA, Antônio. Firmar a posição como professor. Afirmar a profissão docente, Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 47, n. 166, p. 1106-133, 2017.

SARAIVA, Karla. Diário de uma pesquisa off-road: análise de textos como problematização de regimes de verdade. In: FERREIRA, Taís; SAMPAIO, Maria Vicentini (Org.). Escritos metodológicos: possibilidades na pesquisa contemporânea em Educação. Maceió: EDUFAL, 2009.

SARAIVA, Karla; TRAVERSINI, Clarice; LOCKMANN, Kamila. A educação em tempos de covid-19: ensino remoto e exaustão docente. Práxis Educativa, Ponta Grossa, v. 15, p. 1-24, 2020. Disponível em: https://www.revistas2.uepg.br/index.php/praxiseducativa. Acesso em: 20 dez. 2021.

SAVIANI, Dermeval. História das idéias pedagógicas no Brasil. 2. ed. Campinas: Autores Associados, 2008.

SCHLEMMER, Eliane; DI FELICE, Massimo; SERRA, Ilka Márcia Ribeiro de Souza. Educação OnLIFE: a dimensão ecológica das arquiteturas digitais de aprendizagem. Educar em Revista, Curitiba, v. 36, 2020.

SENNETT, Richard. O Artífice. 6. ed. Rio de Janeiro: Record, 2019.

SILVEIRA, Marisa Rosâni Abreu da. A Dificuldade da Matemática no Dizer do Aluno: ressonâncias de sentido de um discurso. Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 36, n. 3, 2011.

VEIGA-NETO, Alfredo. Michel Foucault e Educação: há algo de novo sob o sol?. In: VEIGA-NETO, Alfredo (Org.). Crítica pós-estruturalista e educação. Porto Alegre: Sulina, 1995. p. 9-56.

Downloads

Publicado

2022-12-22

Como Citar

Boff, D. S. ., Pozzobon, M. C. C., & Oliveira, C. J. de . (2022). O exercício da docência para ensinar matemática: o “mesmo do mesmo” e o “imperativo da falta”. Série-Estudos - Periódico Do Programa De Pós-Graduação Em Educação Da UCDB, 27(61), 369–389. https://doi.org/10.20435/serieestudos.v27i61.1672