“Mamãe, Tem uma Drag Queen Contando Histórias!”: currículos, (re)existência e o investimento na imaginação e produção de si na comunidade
DOI:
https://doi.org/10.20435/serieestudos.v28i63.1732Palavras-chave:
Drag Queen, Currículos, ImagináriosResumo
O presente trabalho tem o objetivo de analisar a atividade literária Drag Queen Story Hour (DQSH) e suas potencialidades. Iniciada na cidade de São Francisco (Califórnia, EUA), no ano de 2015, a ação vem permeando fronteiras e se vendo diante de diferentes enfrentamentos ao movimento neoconservador. Sendo assim, também nos interessa examinar os investimentos do movimento neoconservador e seu projeto moral neoliberal, que, aliado ao pânico moral e ficções, como os valores tradicionais de família, deseja silenciar, invisibilizar e estigmatizar sujeitos e processos de vida que coloquem as falácias neoliberais sob suspeita e desnudam os processos de subalternização das diferenças segundo os interesses da onda neoconservadora, promovendo um ambiente crítico à ressignificação de saberes, práticas, valores e, consequentemente, aos processos de educação. Como perspectiva teórico-metodológica, buscamos aporte em contribuições de perspectivas pós-modernas, como os estudos foucaultianos e os estudos de gênero e sexualidade, refletindo acerca do caráter produtivo da linguagem, assim como suas possibilidades de (re)existência e subversão. Assim, defendemos que produzir uma pedagogia outra envolve reconhecer a pluralidade e particularidade de nossa sociedade e seus indivíduos, bem como permitir que cada pessoa possa falar, ser ouvida e construir sua própria história.
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