“Espanhol para Todos”: uma autoetnografia do entender-se professora decolonial
DOI:
https://doi.org/10.20435/serieestudos.v29i66.1919Palavras-chave:
Ensino de Espanhol, Decolonialidade, Identidade docenteResumo
Desde 2017, com a revogação da Lei n. 11.161/2005, a Língua Espanhola não compõe mais o currículo da Educação Básica brasileira. Professoras e professores de Espanhol têm encontrado, porém, de forma autônoma, maneiras de ocupar esse espaço. Com base nos estudos de Hall (2006) sobre o conceito de identidades fluidas e em contínuo deslocamento, o presente artigo apresenta uma narrativa autoetnográfica, cujo objetivo é relatar o processo de entender-me uma professora de Espanhol nesse cenário de resistência. A narrativa se refere às experiências da primeira coautora do artigo sob a orientação da segunda coautora. Engajada na luta antirracista e anticolonial, dialogo com as minhas interseccionalidades de raça e de gênero, que tanto influenciam na minha perspectiva sobre o ensino e sobre a professora que eu busco me tornar. Para isso, apresento neste texto a minha experiência de construção de um cursinho popular e gratuito chamado “Espanhol para Todos”, que se tornou um projeto de extensão vinculado ao Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais, em 2021, e que teve como aporte teórico estudiosos da decolonialidade. Ainda na graduação em Letras com habilitação em Língua Portuguesa e Língua Espanhola, encontrei nas abordagens decoloniais um caminho para enfrentar a hegemonia do ensino do Espanhol europeu, ampliando o olhar para a América Latina e promovendo narrativas outras para uma Educação crítica e antirracista por meio da valorização das identidades do Sul.
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