A reafirmação da superioridade masculina pelo cientificismo moderno: efeitos na subjetivação docente

Autores

DOI:

https://doi.org/10.20435/serie-estudos.v30i69.2074

Palavras-chave:

cientificismo moderno, subjetivação docente, masculinidade

Resumo

O artigo, baseado em pesquisa bibliográfica, tem como objetivo mostrar como foi o processo de construção de argumentos científicos, baseados na suposta natureza feminina e masculina, que reafirmou a superioridade masculina, afetando também o processo de subjetivação dos docentes. Argumenta-se que o esforço empreendido na modernidade para encontrar evidências científicas da superioridade masculina, longe de ser neutro e impessoal, foi uma prática político-cultural permeada pelos interesses masculinos, resultando na reafirmação de discursos já vigentes sobre a suposta superioridade masculina. As marcas do cientificismo moderno estão presentes em nossa história da educação, no início da constituição do magistério brasileiro e na criação da Escola Normal no século XIX, até o contexto atual, nos processos de subjetivação docente em diferentes espaços educativos. Apesar dessa presença, contemporaneamente, o cientificismo convive com outros discursos, com destaque para os discursos feministas, que também subjetivam os docentes, contribuindo para minar a lógica cientificista da superioridade masculina.

Biografia do Autor

Eldes Ferreira de Lima, Secretaria Municipal de Educação de Campo Grande

Doutor em Educação pela Universidade Católica Dom Bosco (UCDB). Mestre em Letras pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Professor da Educação Básica da Rede Municipal de Campo Grande, MS.

Ruth Pavan, Universidade Católica Dom Bosco (UCDB)

Pós-doutorado pela Universidade do Minho (UMINHO), Portugal. Doutora e mestre em Educação pela UNISINOS. Professora do quadro permanente do Programa de Pós-Graduação Mestrado e Doutorado da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB).

Referências

ACTON, Willian. The functions and disorders of the reproductive organs in childhood, youth, adult age, and advanced life: considered in their physiological, social, and moral relations. Londres: MR. Churchill’s Publications, 1862. Disponível em: https://digirepo.nlm.nih.gov/ext/kirtasbse/101517426/PDF/101517426.pdf. Acesso em: 13 abr. 2022.

ALIBERT, Jean-Louis-Marc. Nosologie naturelle, ou les Maladies du corps humain distribuées par famille. Paris: Chez Caille et Ravier, 1817. Disponível em: https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k1521917m. Acesso em: 13 nov. 2022.

BICHAT, Marie François Xavier. Recherches physiologiques sur la vie et la mort. Paris: Chez Brosson, Gabon et cie, 1805. Disponível em: https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k6275881c. Acesso em: 20 abr. 2022.

BICHAT, Marie François Xavier. Anatomie générale appliquée à la physiologie et à la médecine. Paris: Chez Brosson, Gabon et cie, 1801. Disponível em: https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k98766m. Acesso em: 14 abr. 2022.

CLASSEN, Constance; HOWES, David; SYNNOT, Anthony. The Essence of Aroma: the cultural history of smell. New York: Taylor & Francis, 1996. Disponível em: https://books.google.com.br/books?id=reej6W7PgXEC&printsec=frontcover&hl=pt-BR&source=gbs_ge_summary_r&cad=0#v=onepage&q&f=false. Acesso em: 14 fev. 2022.

CONNELL, Robert. Understanding men: gender sociology and the new international research on masculinities. Social Thought & Research, [S. l.], v. 24, 2002. Disponível em: https://kuscholarworks.ku.edu/bitstream/handle/1808/5186/STARV24N1-2A2.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 20 out. 2023.

CORBIN, Alain. L’injonction de la virilité source d’anxiété et d’angoise. In: CORBIN, Alain; COURTINE, Jean-Jacques; VIGARELLO, Georges (Org.). Histoire de la virilité 2: le triomphe de la virilité. Paris: Éditions du Seuil, 2011a.

CORBIN, Alain. La virilité reconsidérée au prisme du naturalisme. In: CORBIN, Alain ; COURTINE, Jean-Jacques; VIGARELLO, Georges (Org.). Histoire de la virilité 2: le triomphe de la virilité. Paris: Éditions du Seuil, 2011b.

DUVAL, Mathias; BICAL, Albert. L'anatomie des maîtres: trente planches reproduisant les originaux de Léonard de Vinci, Michel-Ange, Raphaël, Géricault. Paris: Quantin, 1890. Disponível em: https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k6424320r. Acesso em: 14 ago. 2022.

FOUCAULT, Michel. História da sexualidade 1: a vontade de saber. Tradução: Maria Thereza da Costa Albuquerque e J. A. Guilhon Albuquerque. Rio de Janeiro: Graal, 1999.

FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. Aula inaugural no College de France, pronunciada em 2 de dezembro de 1970. Tradução: Laura Fraga de Almeida Sampaio. São Paulo: Loyola, 1996.

FOUCAULT, Michel. O nascimento da clínica. Tradução: Roberto Machado. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1977.

HERITIER, Françoise. Masculino/feminino: o pensamento da diferença. Tradução: Cristina Furtado Coelho. Lisboa: Instituto Piaget, 1996. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/1830042/mod_resource/content/1/Capitulo%20I.pdf. Acesso em: 21 nov. 2021.

LAQUEUR, Thomas Walter. Making sex: body and gender from the Greeks to Freud. Cambridge, Massachusetts, London: Harvard University Press, 1992. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/362156/mod_resource/content/1/Thomas%20Laqueur%20%20Making%20Sex.%20Body%20and%20Gender%20from%20the%20Greeks%20to%20Freud.pdf. Acesso em: 15 dez. 2021.

LE CLERC, Daniel. Histoire de la médecine, où l’on voit l’origine et le progrès de cet art. La Haye: Chez Isaac Van der Kloot. M. D. CCXXIX, 1729. Disponível em: https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k97607136. Acesso em: 27 abr. 2022.

MANDRESSI, Rafael. Dissecações e anatomia. In: COURBIN, Alain; COURTINE, Jean-Jacques; VIGARELLO, Georges (Org.). História do Corpo 1: Da renascença às Luzes. Tradução: Ephraim Ferreira Alves. Petrópolis: Vozes, 2008.

MISKOLCI, Richard. Reflexões sobre normalidade e desvio social. Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 7, n. 13, p. 109-125, 2007. Disponível em: https://periodicos.fclar.unesp.br/estudos/article/view/169. Acesso em: 11 dez. 2023.

MOSCUCCI, Ornella. The science of woman: gynecology and gender in England (1800-1929). Cambridge: Cambridge University Press, 1993. Disponível em: https://books.google.co.uk/books?hl=en&lr=&id=szmnVZs_ImsC&oi=fnd&pg=PP9&ots=AqpBiYYloL&sig=dRsyp3wycuJTJFRaxL4f5q9Rv4#v=onepage&q&f=false. Acesso em: 25 abr. 2022.

NICHOLSON, Linda. Interpretando o gênero. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 8, n. 2, p. 9-41, 2000. DOI: https://doi.org/10.1590/%25x

ROUBAUD, Félix. Traité de l'impuissance et de la stérilité chez l'homme et chez la femme comprenant l'exposition des moyens recommandés pour y remédier. Paris: J.B. Baillière et Fils, 1872. Disponível em: https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k5752918g Acesso em: 11 jan. 2021.

TEDESCHI, Losandro Antonio. As mulheres e a história: uma introdução teórico metodológica. Dourados: Editora UFGD, 2012.

WALKERDINE, Valerie. Ciência, Razão e a Mente Feminina. Educação e Realidade, Porto Alegre, v. 32, n. 1, p. 7-24, 2008. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/educacaoerealidade/article/view/6657. Acesso em: 16 dez. 2022.

Downloads

Publicado

2025-10-13

Como Citar

Lima, E. F. de, & Pavan, R. (2025). A reafirmação da superioridade masculina pelo cientificismo moderno: efeitos na subjetivação docente. Série-Estudos - Periódico Do Programa De Pós-Graduação Em Educação Da UCDB, 30(69). https://doi.org/10.20435/serie-estudos.v30i69.2074